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Pesquisadora detalha mudanças na rotina dos projetos frente ao isolamento social

Roseane Arcanjo fala da realidade em pesquisar durante a pandemia, indica o andamento dos projetos e aconselha a lidar com dificuldades para produzir trabalhos

Texto: Nayara Nascimento

 

“Professora Roseane Arcanjo encontra dificuldades, como manter as reuniões online do grupo de pesquisa, mas busca alternativas que viabilizem a elaboração dos artigos”

A rotina de produção de uma pesquisadora e um pesquisador pode envolver, basicamente, reuniões com grupo de pesquisa, orientações, desenvolvimento do projeto, coleta de dados e elaboração de artigos científicos. Mas, em 2020, algumas dessas atividades passaram por alterações para boa parte de quem pesquisa, em decorrência da pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19).

Diante do risco de contaminação pelo contato direto, uma das medidas tomadas para tentar inibir a doença é o isolamento social, que consiste no afastamento das atividades sociais em grupo, como o trabalho fora do lar, as aulas presenciais em instituições, o passeio às áreas de lazer, etc. Assim, parte da rotina das pesquisadoras e pesquisadores também passou por mudanças e adaptações, como é o caso da doutora em Comunicação, Roseane Arcanjo Pinheiro.

Vinculada à Universidade Federal do Maranhão (campus de Imperatriz) há 12 anos, Roseane Arcanjo é professora adjunta do Curso de Comunicação Social – Jornalismo, da Especialização em Assessoria de Comunicação e do Mestrado em Comunicação (PPGCom), e também coordena o Grupo de Pesquisa Jornalismo, Mídia e Memória (JOIMP).

 

Realidade das pesquisas em meio à pandemia

A professora segue à frente do projeto de pesquisa “Jornalismo, memórias e redes sociais: Youtube e Facebook”, e extensão “Cartografia de Piquiá de Baixo em Açailândia-MA: memórias, trajetórias, política e ativismos midiáticos” (em parceria com a Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão – UEMASUL e Universidade Federal do Tocantins – UFT).

Com a pandemia e a necessidade do isolamento social, a execução desses projetos passou por alterações. De acordo com a professora Roseane, a pesquisa “Jornalismo, memórias e redes sociais: Youtube e Facebook” precisou ser paralisada, porque os cinco alunos da graduação envolvidos no estudo dependem do acesso à internet, uma vez que é essencial analisar materiais jornalísticos antigos compartilhados ou coberturas jornalísticas de determinados fatos em redes sociais. “Os estudantes não possuem acesso regular à internet e computador em casa, o que dificulta a realização do trabalho”, reflete a pesquisadora.

Quanto ao projeto de extensão “Cartografia de Piquiá de Baixo em Açailândia-MA: memórias, trajetórias, política e ativismos midiáticos”, apesar de ter sido selecionado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA, os recursos não foram liberados. A professora Roseane Arcanjo afirma que a documentação exigida pela FAPEMA foi enviada, mas não perdeu tempo e submeteu dois projetos para o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC.

A pesquisadora aponta que o financiamento da pesquisa é fundamental para viabilizar as atividades. “O trabalho na extensão exige o deslocamento até Açailândia-MA e a preservação de material coletado – captação e arquivamento de vídeos e áudios de depoimentos. Por exemplo, os recursos obtidos com a aprovação do Edital Universal da FAPEMA (002/2019) para a extensão em Açailândia viabilizou nossa ida à cidade e a realização do trabalho, com a compra de equipamentos (computador, tripé, scanner portátil, cartão de memória etc.)”, pondera Roseane Arcanjo.

A professora doutora ainda completa que, “sobre as bolsas solicitados no PIBIC, no caso do projeto de pesquisa, são necessárias para ajudar o estudante a se dedicar mais à execução da pesquisa, tanto na elaboração quanto no compartilhamento dos resultados em congressos e seminários. Essas aquisições – de bolsas e recursos – fortalecem também as ações do grupo de pesquisa Jornalismo, Mídia e Memória (JOIMP) como um todo”.

 

Ações em andamento

Embora tenha acontecido esse contratempo na extensão, as pesquisadoras e pesquisadores que fazem parte do projeto já realizaram gravações de alguns depoimentos de moradores da comunidade de Piquiá de Baixo. Assim, foi possível elaborar um artigo científico, em parceria com os professores Cesar Figueiredo (UFT), Carmem Barroso (UEMASUL) e Siney Ferraz (UEMASUL), que foi submetido à Revista Observatório da UFT (Qualis B2). “Nesse artigo, analisamos também como a luta dos moradores pelos direitos socioambientais e contra a poluição são representadas em uma rede social”, indica Arcanjo.

Sobre a participação em eventos, o Grupo de Pesquisa JOIMP, sob coordenação de Roseane Arcanjo, enviou um trabalho para o encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura – ABCiber, e se organiza para participar dos principais congressos da área da Comunicação, realizados pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – Intercom, e pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo – SBPJor.

Roseane Arcanjo ministrará o minicurso “Entrevista jornalística e a COVID-19”, no XIV Simpósio de Comunicação da Região Tocantina – SIMCOM. O eventoacontece entre os dias 15 de junho e 10 de julho, é online e gratuito, promovido pelo curso de Comunicação Social – Jornalismo, em parceria com o PPGCom, da Universidade Federal do Maranhão, campus de Imperatriz.Sobre o minicurso, Arcanjo indica que “o objetivo é compreender como os jornalistas enfrentaram os desafios de fazer entrevistas com as restrições sanitárias por conta da Covid-19 e o que isso impactou no processo de apuração e produção jornalística”.

A professora Roseane Arcanjo ainda orienta a pesquisa da aluna do Mestrado em Comunicação, Gessiela Nascimento,relacionada à cobertura jornalística da COVID-19 no podcast Mamilos. Segundo a docente, as primeiras atividades já foram iniciadas.

 

Pensando em alternativas para pesquisar

Se pesquisar pode ser difícil em certas condições, como a falta de recursos, a disponibilidade de tempo e conciliação entre trabalho e estudo, a pandemia trouxe outras dificuldades em decorrência do isolamento social.Para Roseane Arcanjo, um dos problemas enfrentados é a diferença entre o contato direto e o virtual. Apesar disso, está sendo possível manter a comunicação para o andamento das pesquisas.

“O isolamento dificulta muito o trabalho, não podemos realizar as reuniões presenciais, onde a troca de ideias e o afeto estão mais presentes. A relação não é mediada por máquinas e pacote de dados. Decidi fazer alguns encontros via internet para definir a produção de artigos, um momento mais prático e pontual. Não é possível simplesmente transpor o encontro presencial para a internet, muitos estudantes não têm condições técnicas. Então, fazemos contatos mais rápidos em chamadas de vídeo ou em conversas via WhatsApp”, aponta a professora.

Como forma de auxiliar pesquisadoras e pesquisadores que encontram desafios para produzir durante a pandemia, Roseane Arcanjo elenca três posturas que podem ser seguidas: “1) Eleger trabalhos prioritários, focar nos mais importantes e não ficar ansioso em querer fazer várias atividades ao mesmo tempo, porque estamos numa pandemia, temos que cuidar de nós e de nossas famílias; 2) Ter um local em casa onde possa estudar de forma organizada; e 3) Dormir e se alimentar bem, porque é um equívoco achar que o excesso de trabalho é algo positivo, no entanto, ocorrerão momentos de muito trabalho, geralmente na fase final da pesquisa, porém isso não pode ser regra, pois pode nos adoecer. É necessário planejar ações, eleger prioridades e cuidar de si mesmo”.

 

Mais informações

Visite o site do Grupo de Pesquisa JOIMP: www.joimp.ufma.br

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2786546655441425

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