Por: Gustavo Araújo
A alface é a folhosa mais consumida no Brasil, sendo a terceira hortaliça com maior volume de produção no país. Perde apenas para o consumo de melancia e tomate. De acordo com a Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM), a alface movimenta anualmente uma média de R$ 8 bilhões no varejo.
Em Imperatriz, o projeto Cinturão Verde é responsável pela produção de boa parte da hortaliça que abastece cidades vizinhas do estado do Pará e Tocantins. O programa é uma parceria da Embrapa com a Prefeitura Municipal de Imperatriz, UEMA, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Faculdade de Imperatriz (Facimp), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Agerp) e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Maranhão (SEBRAE).
Segundo informações da secretaria de agricultura, aproximadamente, sete toneladas de alface são produzidas em Imperatriz. Ainda segundo a prefeitura, cerca de 300 produtores são beneficiados com o projeto Cinturão Verde. O programa oferece apoio desde a plantação até a colheita da alface com a ajuda de técnicas e aparatos tecnológicos desenvolvidos pelos parceiros do projeto.
Por isso, não é de se estranhar que estudos sejam desenvolvidos na produção de hortaliças em Imperatriz. O pesquisador e professor Daniel Costa, do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Maranhão, encabeça o projeto de pesquisa: Dispositivo Inteligente para Irrigação Automática em Plantio de Alface, que tem como principal foco controlar a umidade do solo e, assim, ter uma irrigação adequada e um produto final de alta qualidade. O projeto conta com quatro integrantes e ainda está em andamento.
Segundo o professor, a alface é uma hortaliça que requer muito líquido e para se obter uma planta com alta qualidade é preciso cuidado e precisão. Quando se irriga com pouca água o vegetal tende a ter folhas pequenas e murchas. Por outro lado, se há o excesso, ocorre o empobrecimento de nutrientes do solo.
Para dar conta desse controle os pesquisadores utilizam o arduíno, um sistema micro controlado com sensores que possibilita detectar a umidade do solo. Ou seja, se o canteiro estiver seco o sistema libera água e se estiver úmido corta a distribuição.
Como funciona?
O arduíno é uma plataforma de prototipagem, em outras palavras, uma placa de desenvolvimento que serve, basicamente, para testar conceitos e ideias como é caso da irrigação automática para plantio de alface. É pertinente salientar que o arduíno é o conjunto de uma série tarefas reunidas num só lugar. Geralmente é composta por um microprocessador, memória, software, portas de entradas e saídas (onde se liga os sensores e alimentadores de energia) e uma porta USB para fazer a gravação do programa desenvolvido, assim, fazendo a comunicação entre o computador e a placa (arduíno). De uma maneira geral é um conjunto de software e hardware, com isso, é possível criar interfaces no computador e fazer o controle do dispositivo através do aparelho e da web check it out.
Acionar um comando por meio de um celular e fazer com que luzes de led acendam, é uma das possibilidades de se trabalhar com o arduíno. Outro exemplo, são as roupas especiais de ciclistas que possuem led na parte detrás sinalizando a direção em que vão seguir (esquerda ou direita), basta que o condutor acione o botão que desejar.
Custo
Quando o assunto é investimento e tecnologia os preços não costumam ser os mais atraentes. Porém, para essa pesquisa com alface, o custo não é excessivo e é relativamente barato se pechinchar bem.
Por trabalharem com canteiros pequenos o custo reduz mais ainda. “A gente utiliza nove sensores de umidade do solo que conseguimos comprar de um site chinês por alguns centavos de dólares. O arduíno, que custa em média seis dólares e as válvulas solenoides, obtidas através de lojas que consertam máquinas de lavar roupa, o que ajudou a diminuir o orçamento”, explica o professor.
O mais interessante é que essa tecnologia não serve apenas para o plantio de alface, mas também para a irrigação de plantas e jardins. Para quem gosta de cultivar plantas em casa, ter um aparelho como esse ajuda na otimização de tempo e na economia na conta de água. É possível acionar o dispositivo por meio do bluetooth de um celular e programar o tempo da irrigação.
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