Texto e fotos: Wyldiany Oliveira
“Estimo a curiosidade que é a base da pesquisa”. O novo professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) campus Imperatriz, José Carlos Messias Franco, veio do Rio de Janeiro e agora faz parte da grade de discentes do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo desde agosto de 2019, tendo interesse na área de quadrinhos, imaginário, representação e o mito do herói quanto práticas do entretenimento, pirataria, gambiarra e competências cognitivas.
É bolsista de Pós-Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e integrante do Laboratório de Pesquisa em Culturas e Tecnologias da Comunicação (LabCult/UFF). Doutor em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisou sobre customização e compartilhamento de games em comunidades virtuais de redes sociais.
A pesquisa faz parte de sua vida desde a graduação e atualmente é pesquisador visitante na University of Wisconsin-Milwaukee nos Estados Unidos por intermédio do Programa de Bolsa de Doutorado Sanduíche Capes/Fulbright. Mestre em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com um projeto sobre a representação do herói nas histórias em quadrinhos japonesas e estadunidenses. Graduado em Comunicação Social/Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social da UERJ.
Com uma ampla participação acadêmica, José Messias é voluntário do grupo de pesquisa Comunicação, Entretenimento e Cognição (Cibercog) e estuda sobre a cultura de massa, cidade e representação social, tecnologias da comunicação e estéticas.
Iniciou a vida de pesquisador como bolsista de iniciação científica desde o quarto período da graduação em 2007, e a partir de então se interessou pela docência. Pesquisou a intercessão entre o entretenimento, comunicação e tecnologia partindo dos quadrinhos e migrando para o estudo de games no doutorado. Considera objetos distintos para a pesquisa.
“Os quadrinhos são o que gosto mais de ler no meu tempo livre e transformei isso em uma dissertação, porque a questão do herói sempre foi importante para mim, a cultura nerd, de fã. Foi aí que percebi que dava para transformar isso em um estudo de comunicação, como foi no meu mestrado, uma comparação entre o herói dos quadrinhos americanos e dos mangás. Minha abordagem nos games foi diferente, eu estava interessado ali na tecnologia. Comecei estudando tecnologia e entretenimento na iniciação cientifica e atualmente pesquiso a materialidade da mídia das gambiarras de games, a forma como a gente se apropria desses jogos, dessas tecnologias para fazer gambiarras criativas e representativa”,
Messias conta, que no estudo sobre as gambiarras e pirataria no meio midiático dos games tem-se uma intervenção não só dos que entendem de tecnologias. “As modificações de games tem um nome em inglês que é mod ou mods e esses jogos geralmente são intervenções de fãs, pessoas com pouco ou nenhum grau de tecnologia de programação que começam a mexer nos jogos, para poder incluir ou retirar um elemento”, ressalta o professor ao enfatizar a questão de representatividade cultural.
Partindo dessa inquietação, a proposta de sua tese, foi verificar a forma como os usuários de games se apropriavam da técnica para inserir uma forma de jogar diferente, as gambiarras. “É uma coisa meio artesanal, de improviso, mas que o pessoal gostava”, destaca.
Relação entre o estudo de games com a comunicação
Ao ser questionado sobre a relação existente entre o campo comunicacional e o estudo de games ou o entretenimento em si, o professor destacou que essa é uma área em expansão e que tem se tornando um fenômeno midiático. “A indústria de games é uma indústria que cresce muito e que inclusive tem efeitos para além do entretenimento. Tem uma importância social muito grande. Há jogos que é usado na escola para educação, outros que são usados na medicina com softwares que ajudam no treinamento de cirurgias. Essa relação com a comunicação se faz justamente nessa ideia de fenômeno midiático que se expandiu socialmente, já que eles estão presentes em todo lugar, no celular, na tv ou nas plataformas de mídias sociais. Os games são um fenômeno social amplo”, ressalta o pesquisador.
No estudo desse universo nerd, Messias enfatizou que o mito do herói como conhecemos nas histórias em quadrinhos tem um grande uso na sociedade em diversas práxis, até mesmo no jornalismo.
“Não precisa ser só em quadrinhos ou filmes de ficção, às vezes em uma reportagem quando está informando algo, acaba sendo a nossa forma de contar a história que eventualmente vai fazer referência ao mito do herói, exemplo disso é uma matéria jornalística sobre saneamento básico, vai falar dos moradores que estão sofrendo de alguma forma então chega a figura de quem vai resolver a situação”.
Enquanto estudava quadrinhos, Messias percebeu isso de uma forma mais óbvia, e a partir disso observou como sociedades diferentes tem formas diferentes de olhar o herói, logo considerou que isso diz algo sobre a comunidade, uma visão antropológica, partindo de um objeto de entretenimento.
Games, entretenimento e representação
Em relação ao estudo de games perpassando pelo entretenimento, representação e o processo comunicacional, o pesquisador aponta que os games carregam características culturais. “Eles são elementos da cultura e artefatos midiáticos com uma importância antropológica e sociológica, carregados de cultura”, afirma. Ele enfatizou ainda que, ver as pessoas jogando também tornou-se um fenômeno cultural, pois isso mostra como os games são importantes dentro da comunicação, seja na ideia de cultura participativa, de consumo ou antropológica.
“Os games são objetos midiáticos importantes que aliam as ciências ditas exatas com as humanas e sociais. Precisa da parte técnica, mas também do design, da publicidade do jornalismo especializado e da parte visual. Em termos de pesquisa, o vídeo game pode ser o lugar da interdisciplinaridade por excelência”, afirma o pesquisador ressaltando a importância dessa linha de pesquisa.
Atualmente, Messias tem como foco de pesquisa o estudo sobre games como porta de entrada para capacitação e letramento digital, e busca transmitir a importância da interdisciplinaridade que esse tipo de pesquisa possui. Além disso destaca que a paixão por histórias em quadrinhos e jogos o levou a conquistar muitas coisas e espera que muitos estudantes almejem também a crescer na iniciação cientifica.
Esse é um breve perfil deste pesquisador de games. Para saber mais, acesse: http://lattes.cnpq.br/8042448829229400.