Quando se pensa em imaginário logo vem à cabeça a noção presente nos dicionários: “criado pela imaginação e que só nela tem existência; que não é real; fictício”. Mas quando aplicada à comunicação a noção de imaginário ganha outro sentido, a de “atmosfera” sendo este um dos objetos de estudo da pesquisadora e professora doutora do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, Denise Ayres.
No artigo intitulado “A saúde imaginada: jornalismo e imaginário do risco” a autora apresenta o modo como a revista Veja, que é a mais lida no Brasil, trabalha a editoria de saúde e como esta é capaz de construir uma atmosfera – no trabalho apresentado como “imaginário”, alarmante nos leitores visto que, tal como é exposta, a saúde é um bem constantemente ameaçado.
“A saúde, portanto, está eivada de imaginário. Não se trata apenas de bem-estar físico e mental vivenciado individualmente. A saúde é um fenômeno social, simbólico e participa de uma atmosfera de partilha”, afirma a pesquisadora em um trecho do seu trabalho.
Para a realização da pesquisa foram estudadas doze matérias que abordam a noção de risco. As ocorrências foram publicadas no site da revista Veja entre os dias primeiro de janeiro e 15 de março de 2017, na editoria Saúde. Utilizando das noções de “Imaginário” do sociólogo francês Michel Maffesoli e “tecnologias do imaginário” sustentada pelo jornalista e professor universitário brasileiro Juremir Machado, a professora observou que a revista evidencia em tom alarmante, riscos à saúde presentes em hábitos cotidianos.
Segundo o estudo, as matérias utilizam de um tom alarmista para conquistar a atenção do consumidor, mas com isso, ajudam a construir um estado de tensão, em que a preocupação com a saúde, com o corpo ideal etc. passam a influenciar na condição atual do leitor, que agora se preocupar não apenas com sua saúde, mas também com o que pode a prejudicar, mesmo que as ameaças citadas nas notícias estejam condicionadas muitas vezes a fatores extremos.
Saúde e Imaginário
A “Organização Mundial de Saúde” (OMS) define a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afeções e enfermidades”. Para a autora, a saúde hoje configura uma esfera que ultrapassa uma condição experenciada de disposição física e mental, transfigurando-se para a esfera simbólica.
Desse modo, os meios de comunicação, no trabalho apontado como uma tecnologia que produz imaginário, atua no campo simbólico, construindo uma atmosfera de medo e receio, que por sua vez, é compartilhada e exerce influência diretamente nos leitores.
Link do artigo:
http://seer.ufrgs.br/index.
Link do Lattes da prof:
http://buscatextual.cnpq.br/
Link da OMS Brasil: