Por: Letícia Holanda
O Núcleo de Pesquisas em Ciências Farmacêuticas e Química Analítica Aplicada (NUPFARQ), do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus de Imperatriz, em parceria com a Universidade do Porto, está desenvolvendo um trabalho, desde 2016, com o projeto “Síntese e caracterização de cocristais de fármacos utilizados no tratamento da hanseníase”, que visa criar novas fórmulas de medicamentos para o tratamento da hanseníase.
O Maranhão é o primeiro estado do Nordeste com a maior prevalência da Hanseníase, e o terceiro do Brasil em números absolutos de novos casos diagnosticados por ano. Até setembro de 2016, foram contabilizados 2.364 novos casos no Maranhão, segundo o Ministério da Saúde.
A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo principal agente etiológico é a bactéria Mycobacterium leprae (M. Leprae). Esse bacilo tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos atingindo a pele e nervos periféricos podendo levar a sérias incapacidades físicas, como paralisação dos nervos, deformidade e alteração da sensibilidade na pele ce site.
Para o professor e coordenador do projeto, Paulo Roberto da Silva, a ideia de pesquisar novos fármacos, medicamentos para o tratamento da hanseníase, se deu pelo o aumento da detecção dos casos de hanseníase no Brasil e principalmente no Maranhão. “Nossa região é endêmica, e o índice de hanseníase nessa localidade é muito alta e isso é uma problemática para o estado do maranhão”, ressalta.
Com a pesquisa em andamento, o coordenador explica que o projeto vem contribuir para a produção de medicamentos mais seguros e eficazes para o tratamento da doença, o que possibilita evitar a exposição dos consumidores ao risco de falha na terapia medicamentosa e a exposição a riscos desnecessários. Por isso o professor Paulo destaca que a “intenção é melhorar a qualidade de vida dessas pessoas que fazem o tratamento contra a hanseníase”, conclui.
“O objetivo da nossa pesquisa é desenvolver a partir dos medicamentos existentes no mercado, novos fármacos mais eficientes que serão consumidos em doses menores, consequentemente diminuindo os efeitos colaterais dos pacientes, no período do tratamento”, explica o coordenador da pesquisa, Paulo da Silva.
Distribuídos de forma gratuita pelo Sistema único de Saúde (SUS), os remédios são consumidos em alta dose de medicação, resultando em vários efeitos colaterais, como escurecimento da pele, alergia, problemas no estômago e baixa imunidade, levando os pacientes, muitas vezes, a desistirem do tratamento.
Projeto – A pesquisa busca produzir novos medicamentos eficientes e que diminua os efeitos colaterais para o organismo humano no tratamento da hanseníase, e é realizada em colaboração científica entre os professores da Universidade Federal do Maranhão, campus de Imperatriz, Paulo Roberto da Silva Ribeiro (LABFARMA), Adenilson Oliveira Santos (Laboratório de Difração de Raios-X) e o professor da Universidade do Porto (Porto/Portugal) João Pedro Martins de Almeida Lopes. O projeto conta com a participação efetiva de nove pesquisadores, entre eles professores, bolsistas, colaboradores externos, alunos do mestrado em Ciências dos Materiais, da UFMA.
Este projeto foi contemplado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), e conta com o financiamento no valor de R$ 80 mil reais. A pesquisa ainda se encontra na faze de análise do material. A previsão de encerramento das atividades já com os resultados esperados, está prevista para 2018.