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Pesquisadores de Imperatriz criam material que pode ser usado em luz artificial inteligente, mais saudável e econômica

Por: Jéssica Torres

Com o desenvolvimento tecnológico e a produção de aparelhos eletrônicos como, smartphones, tablets, notebooks entre outros, estamos frequentemente expostos à luz artificial, que de acordo com o professor do curso de Mestrado em Ciência dos Materiais e doutor em Física, pode causar alguns danos à saúde, entre eles a insônia. É por isso que o pesquisador, juntamente com mais dois professores e seus alunos resolveram criar um projeto que visa desenvolver luzes artificiais mais “saudáveis” e econômicas.

A proposta começou a tomar forma com os primeiros resultados que mostraram que é possível adotar uma iluminação que além de ser menos nociva à saúde também custe menos. “A ideia de luz inteligente não é nova, já existe há bastante tempo. Mas o nosso papel não é desenvolver o produto final, nosso trabalho é a pesquisa. Desenvolvemos um material que pode ser utilizado para esta finalidade, e que apresenta resultados promissores”, diz.

Estudos recentes publicados pela agência internacional We Are Social, uma das maiores agencias de social media do mundo, revelou que o brasileiro permanece conectado à internet durante 9 horas e 13 minutos por dia, sendo o terceiro país mais conectado do mundo, atrás apenas das Filipinas e a Tailândia. O número é bastante alto considerando que a exposição prolongada da visão a esses tipos de aparelhos eletrônicos pode causar degeneração macular e problemas na retina e pode levar a cegueira. Conforme a Sociedade Latino-Americana de Oftomologia Pediátrica, isso acontece pela emissão de luz azul (a luz que alcança o olho humano e o penetra)  composta por comprimentos de onda de cerca de 380 nm a 780 nm esse tipo de onda é potencialmente perigosa e tóxica para os olhos. Além dessa exposição a luz azul, passamos muito tempo expostos à luz artificial verde,  emitida por lâmpadas fluorescentes, que também é prejudicial a saúde causando mudança no ciclo cicardiano que provoca insônia, mudanças de humor e até mesmo a depressão.

Sabendo disso, o grupo de pesquisadores da UFMA quer substituir as lâmpadas fluorescentes (que emitem luz verde) por lâmpadas LEDs. Mas, mais que isso, sugere que sejam lâmpadas não como as que existem no mercado, que causam desconforto, mas inteligentes, que simulem a mudança de iluminação que o nosso corpo reconhece.

Alyson Steimacher, professor do Mestrado em Ciências dos Materiais  e um dos pesquisadores  diz que há várias vantagens nessa substituição. “Além da redução energética e durabilidade, a substituição das lâmpadas atuais por LEDs inteligentes possibilitaria uma melhor regulação do ciclo circadiano, melhorando a qualidade de vida das pessoas”, disse.

O ciclo circadiano é o ciclo biológico de quase todos os seres vivos, é ele que regula o psicológico do corpo humano e influência a digestão, o estado de vigília e sono, a renovação das células e controla a temperatura do organismo. Essa luz emitida por esses dispositivos tecnológicos e pelas lâmpadas fluorescentes podem alterar esse ciclo causando insônia e depressão.

“A luz natural, aquela emitida pelo sol, é a que regula o nosso relógio biológico. Quando estamos expostos a luz artificial durante muito tempo nosso relógio fica desregulado. Esse tipo de iluminação afeta diretamente outras funções do ser humano” , detalha.

A ideia é produzir iluminação inteligente que possa simular a mudança de tonalidade da luz solar, ou seja, a lâmpada em LED irá mudando de tonalidade simulando uma mudança da luz solar.

A pesquisa

Com o início do Mestrado em Ciências dos Materiais na UFMA de Imperatriz, há dois anos, Steimacher explica que através de estudos sobre formas alternativas e inteligentes de iluminação, surgiu  uma necessidade de produzirem produtos relevantes para a comunidade. “Este trabalho é resultado de pesquisas anteriores que começaram praticamente com o nosso programa de Mestrado, a ideia é obter produtos econômicos e que possam contribuir com a qualidade de vida da sociedade”, conta o professor.

Steimacher revela ainda que a pesquisa está em fase avançada e que já possuem o vidro com características desejadas, cuja cor de sua luminescência pode simular desde a luz da manhã (mais amarelada) até a luz do meio-dia (mais branca). Vale ressaltar que as cores de luz usada para a obtenção dessa luz artificial inteligente, é a combinação da luz azul e a amarela/laranjada. “Essa combinação que permite a variação das diversas tonalidades de branco, que podem simular a luz solar”, disse.

Todos os materiais são preparados no Laboratório de Espectroscopia Óptica e Fototérmica (LEOF), no próprio campus da UFMA, e em sua maioria, inéditos, feitos pela primeira vez. Atualmente o mestrado conta com 8 alunos e 3 professores. Além dessa pesquisa o grupo também têm outros projetos, entre eles, a produção de vidros para meios ativos para lasers, que podem ser usados na medicina.

Perguntado sobre quando essa lâmpada pode chegar ao mercado, Alysson disse que o próximo passo, após o término desta pesquisa, é conseguir patentear o produto. “Ainda há uma distância grande entre a pesquisa científica e a indústria, principalmente no Brasil. O processo, na maioria das vezes, depende de que exista um interesse de uma grande empresa em desenvolver o produto final”, disse.

Para mais informações:  Telefone: (99) 3529-6065 E-mail: steimacher@hotmail.com

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